14 setembro 2005

3 dias em Helsinki

Entro na Esplanade, uma álea de jardins com bancos de madeira ao longo do percurso, uma espécie de Avenida da Liberdade sem carros e em pequeno. Não sei porque se não notam os prédios, mas noto que todos os bancos estão ocupados. Um homem de capa amarela olha em frente com indiferença, uma mulher jovem come um gelado encoberta por óculos escuros, duas mulheres passeiam duas crianças em carros, uma senhora de fato escuro acena para outra que olhava distraída em volta.Ei! Trinco uma sandwich ao mesmo tempo que outros, na relva. São 12.45h e mais abaixo uma princesa: uma estátua, que dizem ser a filha do Báltico, olha despida para um horizonte de barcos, mar. Á volta circulam mulheres e homens elegantes arrastando trolleys, com pressa, naturalmente, quem tem uma mala e anda é porque tem pressa, vão para Estocolmo ou vêm de Tallin. O sol é fraco mas domina o jardim, um pombo teima em circular em volta da minha garrafa de sumo.
Podia ter ficado ali, mas de repente levantei-me, andei depressa para o hotel, antecipei a viagem num dia e saí dali.

Ver, ou sentir, que podíamos fazer parte de um cenário, mas que não é nosso, é uma vertigem perigosa. A seguir pode vir a sensação de só estarmos bem onde não estamos, ou pior, não querer voltar.

3 comentários:

Maria do Rosário Sousa Fardilha disse...

Esta crónica de turista acidental e inquieto dá vontade, sabes? de ir a helsínquia__que não conheço, e de ler mais.

jp(JoanaPestana) disse...

É guardar a imagem cá dentro da caixinha especial que existe em cada um de nós.
E vive o gozo de ser parte da plateia.
:-)

Carlos Azevedo disse...

Apesar de, neste caso, não ser turista, o passeio errante por uma cidade desconhecida é o melhor de uma viagem. Venham guias eruditos ou locais simpáticos que não fazem pela alma do viajante o que um passeio ao acaso sempre fará.