23 setembro 2005

Auto retrato em estação de serviço (II)

Mãe,

Estou outra vez em Luanda, com a MA e o CM, estivemos a passear ontem pelas redondezas. O CM está cada vez mais irrequieto, ainda ontem dizia à MA que não devia deixá-lo por-se em pé lá atrás do automóvel. Ainda ontem me preocupei com isto, quando, não sei, acho que travei em frente à Corimba e o miúdo veio por aí fora.

Este tipo tem 5 anos, mas olha para mim com olhos de quem já era capaz de dizer que eu não devia fazer isto ou aquilo, não achas? e aquela coisa de já ler jornais ? Ele pensará em quê?

O tempo está húmido aqui em Luanda, mãe, escrevo-lhe para lhe dizer que parto amanhã outra vez para o Luso, vou lá tentar vender um camião daqueles que dão dinheiro.

Mas não sei o que se passa com o CM, ontem voltámos para casa e ele só dizia que tinha visto um tipo aparecer e desaparecer, com uns óculos que ele já tinha visto naquele livro que tu costumavas ler-lhe, do Salgari. Em casa esteve sempre calado, parecia o avô, por acaso sonhei com ele. Aparecia-me num jardim a dizer-me baixinho : não voltes lá outra vez, não voltes lá outra vez !

6 comentários:

Anónimo disse...

Hum... so spooky!! Vou buscar mais cházinho.

jp(JoanaPestana) disse...

:-)

Anónimo disse...

unh, o pai tb tem "visões", este argumento vai ser de arrepiar!

mas a estrutura narrativa complexifica-se. agora temos dois narradores a referir o mesmo acontecimento. bem!

tb vou buscar um cházinho ;)

Anónimo disse...

unh, o pai tb tem "visões", este argumento vai ser de arrepiar!

mas a estrutura narrativa complexifica-se. agora temos dois narradores a referir o mesmo acontecimento. bem!

tb vou buscar um cházinho ;)

Anónimo disse...

passei em frente à tua casa, cantei e não abriste a porta! foi a última serenata da minha vida! :)

Carlos Azevedo disse...

So I suppose you must do it again, in french...