Já te disse um dia e volto a dizer: deve passear-se os museus sozinho. A diferença para o metro ou o autocarro é que, mesmo não ligando aos outros que andam por ali, andamos por prazer. No metro é um tiro de um lado para outro, no museu é uma errância desejada e inspirada por uma paragem em frente a algo, novo ou já reconhecido.
O quadro fala para ti, se lhe perguntares alguma coisa. Ou devolve-te o olhar indiferente.
Deve fazer-se assim: primeiro com as mãos nos bolsos, com um passo regular. Depois com um passo hesitante, paragens e rodeios à volta de um quadro. Depois põem-se as mãos atrás das costas, com um folheto agarrado numa delas, e aí sim começa o prazer da visita.
A inspiração começa a ser irregular, pode mesmo haver uma sensação de dor no coração, mas deve lutar-se contra a insidiosa ideia de uma tristeza maior que o nosso mundo.
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