21 julho 2006
Ecce Homo
Saio do carro, entro na área de serviço, são 07.50h de uma manhã de Verão, e vejo que todos os senhores são gordos, têm maletas a tiracolo, usam perucas ou cabelo pintado de castanho, têm adornos de anéis em dedos papudos, usam sandálias de pele castanha e meias brancas, polos de riscas e calções.
As filhas dos senhores gordos usam tops brancos apertados, e calças apertadas e de cintura baixa, deixando que as gorduras, de repente feitas formosuras, invadam o espaço livre do mundo desoxigenado. Os piercings pendem dos umbigos, arranjados de forma a que as pregas da gordura não escondam a preciosidade, enquanto um cinto muito fino descai pela pelvis. Do conjunto sobressaem sandálias de salto muito alto, de corda.
As mães das filhas dos senhores gordos usam calções castanhos, sobrepostos por camisetas de manga cava, deixando ver soutiens brancos ou cremes de tamanho máximo, usam cabelo curto de cor caju, de onde pendem brincos imitando cornucópias, ajeitados entre suiças longas retorcidas no sentido da face retocada e rotunda. Os filhos dos senhores gordos...
Acabei o café e tenho de sair, mas vejo ainda que têm tatuagens nos braços, que as camisetas sem mangas com dizeres anglo-universitários americanos não disfarçam, que ... não posso ficar mais tempo. Ao sair cruzo-me com motards de cabelho longo grisalho, alguns com lenços verdes amarrados na cabeça, quase todos gordos e aparentando cores rosadas na face e testa enrugada. Entro no carro e ouço na Radio os GNR: " e que tudo mais vá pro inferno". Não tenho dúvidas para onde me dirijo.
Quadro: Hieronymus Bosch Ecce Homo 1485-1490
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