27 dezembro 2005
25 dezembro 2005
Nec spe, nec metu
24 dezembro 2005
Prendas de natal ainda por embrulhar
21 dezembro 2005
Isto tem alguma coisa a ver com o Natal?
D. descansou da corrida de alguns km, sentou-se na relva, e olhou o melro que se escondia na pequena árvore do estádio universitário. Olhou, sem ver, o avião que descia para Lisboa, um dos personagens que fazia parte dos seus domingos, na hora em que todos se retiram para almoçar, para subir ao 3º andar de um apartamento, meter a chave à porta e sentir os cheiros de uma panela com couves e batatas, ver 3 copos de vidro facetado e barato da loja da rua dos fanqueiros, a mesa com uma jarra de flores de plástico, a face e os cabelos estragados de quem se levanta ao domingo e já não tem esperança que o tempo a salve. D. olhou os que se retiravam, mas alguém ficara.
O homem, de camisola verde e camisa azul escura, pegava numa pequena figura que não teria mais de 3 anos e batia-lhe. A criança chorou e ficou deitada na relva. O homem olhou em volta, com as mãos na cabeça, andou uns passos, hesitou, caiu de joelhos e pegou nesse pequeno ser.
D. sentiu as lágrimas daquele homem misturadas com as da criança, e viu como ele a abraçou, e sem nada dizer lhe pediu perdão.
Depois não havia mais ninguém, como não haveria mais ninguém capaz de dizer que D. não voltaria aquele lugar com medo das lágrimas que não eram suas.
19 dezembro 2005
18 dezembro 2005
16 dezembro 2005
Finge tão completamente
15 dezembro 2005
14 dezembro 2005
Diz-lhe isso depressa
Enquanto G. acabava o chá aromático e olhava para os olhos de D, a sala parara numa espécie de slow-motion de fraca intensidade, e os olhos de todas as almas viraram-se para aquela mesa, ansiosas.
G. sabia do efeito do olhar, sabia porque tinha estudado a pose, sabia porque agora era D. e antes tinham sido T. e antes ainda H.
A primeira vez que G. entrara naquele salão de chá no Largo do Carmo foi para se esconder de um perseguidor comercial que abandonara os seguros e tentava vender-lhe casas. Achou a atmosfera nada estranha, 3 mesas ocupadas, dois homens a ler , um casal a desembrulhar prendas, um empregada de saiote verde e camisa beige com bloco de notas na mão, cabelo apanhado. Cheirava a jasmim, e foi isso que pediu.
Depois, voltou. E reparou, de todas as vezes, que a cena era sempre a mesma, os personagens, e os gestos também.
Voltou desta vez com D., queria contagiá-la com a atmosfera, prepará-la para as palavras que adiara sempre, como sempre.
Mas mal se sentara e sentira o efeito do olhar em D., sabia que nunca lhe diria, não lhe diria que não pensava vê-la de novo, não diria que assim que ela o amasse ele fugiria, que assim que ela sorrisse de forma sincera ele sentiria a repulsa habitual, que iria encontrar no aroma do cabelo dela o aroma entediante do shampoo, que ao beijar-lhe o pescoço iria odiar o perfume, que se irritaria de não saber identificar os odores, sempre iguais. Não seria capaz de lhe dizer nada.
Mas nesse dia, talvez pela proximidade das mesas, talvez pela humidade das almas encurraladas, de repente, do meio das almas suspensas no odor do jasmim, alguém derrubou a cadeira, atirou o bolo de noz para o chão, o livro voou, e gritou: diz-lhe !
Diz-lhe isso depressa.
13 dezembro 2005
06 dezembro 2005
Ships that go sailing
Verde e Vermelho
S. parou o carro no semáforo, ajeitando a gravata vermelha comprada na Boss da Av. da Liberdade, olhou o espelho, preocupado consigo e com a possivel queda de alguns cabelos. Ligou o número da V. para combinarem o jantar de mexilhões belgas.
K. chegou à esquina onde passara a estar todas as manhãs, encostada ao semáforo, desde muito cedo.
Chegara ali antes do sol, com o vestido comprido vermelho, já muito sujo das muitas vezes que se sentara no lancil, entre os 75 segundos de cada mudança de sinal. Tantas vezes que na sua cabeça já mal conseguia distinguir os carros e os condutores, já mal conseguia estender a mão e balbuciar sempre o mesmo, para receber sempre os mesmos olhares de esguelha, ou receber o reflexo dos óculos escuros.
K. olhou para o carro de S., ali parado. O azul escuro metalizado reflectindo-se na sua cabeça, a fome distraida, os óculos de sol ray ban de S. e a cabeça levantada num sorriso meloso entre conversas com o telefone.
K. levantou-se, só mais uma vez, despiu o vestido, a camisola bege, a roupa interior e ficou só com um lenço colorido na mão.
Subiu para o capot do carro de S., esticou-se ao comprido e adormeceu.
05 dezembro 2005
Espaço Infantil: Voz Maviosa
- Branca como as nuvens do inverno? Não pode ser no verão?
- Ah, não pode, não. Nuvem no verão é nuvem de chuva. Portanto é escura...
- É, mas nos países frios, no inverno as nuvens são escurinhas...
- Olha, vamos parar com essas discussões que não levam a nada. No máximo encompridam o livro e fazem ele muito chato...A pele da princesa era branca, pronto. E as mãos da princesa eram macias como... Ah, não importa. As mãos eram macias, os pés eram pequenos, e a voz da princesa era maviosa.
- Maviosa?
- É, maviosa, melodiosa! Eu sei que essa palavra não se usa mais, mas se eu não usar umas palavras bonitas, meio difíceis, vão ficar dizendo que eu não incentivo a cultura dos leitores. (...)
Ler a storia aqui
01 dezembro 2005
B B & B - am I
After one whole quart of brandy
Like a daisy, I’m awake
With no bromo-seltzer handy
I don’t even shake
Girls are not a new sensation
I’ve done pretty well I think
But this half-pint imitation
Put me on the blink
I’m wild again, beguiled again
A simpering, whimpering child again
Bewitched, bothered and bewildered - am i
( Lorenz Hart & Richard Rodgers)
Like a daisy, I’m awake
With no bromo-seltzer handy
I don’t even shake
Girls are not a new sensation
I’ve done pretty well I think
But this half-pint imitation
Put me on the blink
I’m wild again, beguiled again
A simpering, whimpering child again
Bewitched, bothered and bewildered - am i
( Lorenz Hart & Richard Rodgers)
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