29 janeiro 2009

O Arrastão


Se eu fosse pela teoria dos volte-face nos filmes serem parte da realidade, acreditava que o PM apostou neste caso do Freeport para repetir o sucesso de 2005.

Deve agradecer ao PUBLICO e o moribundo SOL.

Embora o PM não tenha conseguido o apoio da oposição, que agiu com panos quentes e com inteligência, não lhe deu tréguas, calando-se e bem.

Pode também agradecer às revistas da semana, ViSão e SáBaDo, à Judite de Sousa, e pode telefonar à procuradora Cândida, que meteu os pés pelas mãos mas lá acabou por dizer que os ingleses (a bête noir) só repetiram o que ela, a procuradora, lhes disse há uns anos atrás, tendo depois repousado.

Mas há algum ingénuo que acredite que o Freeport não é o Free airport ?

Alcochete está de novo no mapa. Recomendo o restaurante
o Arrastão.

27 janeiro 2009

Le Clezio: a terra e o mar não nos pertencem


Com o Caçador de Tesouros a viagem é entre a Maurícia e a Ilha Rodrigues, no Índico, 300 milhas a leste.

O mar que nos maltrata e o tesouro além numa enseada recortada na montanha. Sempre esteve ali, mas não se troca por dinheiro.

Em Raga, a viagem é para a terra que foi violada e explorada para que das plantações saíssem plantas convertíveis em dinheiro. Mas daí saíram desgraças, mortos e uma população devastada. Agora em Raga (ilha Pentecostes na melanésia, Vanuatu) há jardins escondidos entre a vegetação, onde a terra dá de comer e não se troca por dinheiro.

A terra e o mar não nos pertencem, fazemos parte.

26 janeiro 2009

Necessaire


As fotos da avó, as camisas dobradas, aquela para ser usada no dia da chegada, os livros prontos para as noites que podem ser de insónia, um de poesia para ler ao pequeno-almoço, outro de viagens para sonhar com aquela que não originou esta mala, outro para adormecer, todos para olhar, e caridosamente poder não ler.

Fazer a mala: encher a mala de futuros, vou usar isto e aquilo com aquilo e mais, no dia em que chegarei.

Mas, e se não chegar?

Alguém me vai desfazer a mala, olhar incrédulo ou indiferente para as coisas, o amuleto, as fitas da mala soltas por superstição, a escova de dentes, os cremes, as coisas necessárias, o necessaire.

Alguém sabe aquilo que ninguém soube, sem importância mais do que a de um ser mais que não abriu a mala.