18 abril 2009

Sinal dos Tempos


Talvez seja sina. Isto é, sinal, um mau sinal, ou pelos menos é sinal de que se escrevo é para não falar. Para não falar, só porque não há ninguém para falar. Ou todos os que há para falar não são os que eram necessários para ouvir o que houvera eu querido dizer. Assim, venho aqui e escrevo, escrevo que parto hoje, não falando. Toda a gente parte de todo o lado para todo o lado, e o animal que me transporta já trouxe outros que partiram para aqui. Tal como eu saio daqui cruzando-me com eles, eventualmente poderia cumprimentar um passageiro ou outro, ou mesmo interpelá-lo: veio de lá? porque vem para cá? eu vou para lá ! Assim, venho aqui e escrevo, sem saber se alguem lê, apenas para não falar. Para não dizer a quem poderia não querer escutar, e assim se perder a possibilidade de eu entender, porque o que dissesse não faria ricochete e não haveria a volta das palavras de resposta que nos fazem entender porque falámos assim ou de outra forma qualquer. É sempre outro o tempo, é mesmo uma banalidade escrevê-lo. Mas em cada tempo que é outro, se olha para outro tempo cheio de momentos: parece ver-me ali infeliz, no outro tempo, naquele tempo, mas se o sentia então, agora parece-me um tempo mais doce, quase infantil. Porque o outro tempo que não é o de hoje, qualquer outro tempo, é um tempo tranquilo porque resolvido. Tal como se folheia um livro que já se leu até ao fim, de que se sabem já os segredos, mas em que lemos passagens de um momento, saboreando a emoção daquelas páginas, sabendo embora o seu desenrolar e epílogo. Não há portanto tempo de momentos infelizes, da mesma forma que não há agora tempo de momentos felizes.

17 abril 2009

Lábios de côr pintam sonhos

Amazing Grace!

When we’ve been there ten thousand years,
Bright shining like the sun,
We've no less days to sing God’s praise
Than when we first begun.

O olhar, está tudo no olhar !

Medo? Amor? Vaidade? Desprezo? Fome? Desejo? Ambiguidade? Convite?

15 abril 2009

A minha vida agora é isto



(between a tanker and a sailboat)

A morte brinca e assiste ao nascimento de outras mortes numa reunião infame



No Sobreiro, perto da Ericeira, viveu um oleiro que acolhia passeantes domingueiros, tinha uma réplica de uma aldeia saloia, fazia jóias de cerâmica e vendia-as naquela loja que transbordava a estrada de Mafra à Ericeira.

José Franco morreu hoje.

Em Fevereiro do ano 2000, entrei desvairado no meu Golf e corri para um encontro à porta da loja do Sobreiro, levado pela paixão irracional que se revela em fracções de segundo.

Nesse dia anunciavam-se duas mortes, mas nós não sabemos nada sobre a morte das coisas. A Paixão e a Morte marcaram data para hoje, e escolheram para ilustração uma obscura loja na estrada.

14 abril 2009

O que têm os filmes épicos do cinema moderno a ver com a Symphony No. 5 in c minor, op. 67 - iv. "allegro", do caro Beethoven?

Star Wars, Os Salteadores da Arca Perdida, Superman, Tubarão, etc...tudo tem a ver com Beethoven e em particular com este andamento (basta ouvir 1.5 minutos)

13 abril 2009

E depois no sofá lembrámos como se ama


Olhámos, sem outros olhos que não a memória recente, como a redenção aparece sem que se espere.

E desse olhar vimos como o passado se pode reduzir a fotos sem mácula, sem perdão nem remorso, sem pena e com outros amores arrumados.

09 abril 2009

De quanto tempo é feito o tempo?


Em tempos idos
Quando a luz era nova
A face aberta e sôfrega
Apta para a prova

Em tempos inuteis
Quando a sombra mortiça
Inunda os olhos indefesos
E reclama justiça

De quanto tempo é feito o tempo?


(eu, hoje na santa e diabólica semana)

07 abril 2009

Quando a manhã nascer

Para o Ódio nunca tive –

Tempo –

pois que a Morte espreita –

E a vida nunca foi

tanta

Que uma Aversão se acabasse.

Nem tempo tive de Amar –

Ocupar-me

Era preciso –

Do amor o simples Trabalho –

Como achei –

Que Me bastava.

Fight or Flight


The fight or flight response is a natural response to danger.

Our bodies are created to fight or flee when danger is upon us, such as being attacked by a mountain lion. When faced with this kind of danger, the stress hormones pour into our body, causing some blood to leave our brains and organs and go into our arms and legs.

This is vital to us if we are actually being attacked by a mountain lion or a mugger. The problem is that this same response occurs when we become afraid in other situations, such as conflict with a partner.


Margaret Paul, Ph.D.

06 abril 2009

Homem CiberTotal


Venham conhecer Takashi Murakami : escultura, comics, pintura, jogos de computador.
O homem total anda por aí, agora no Museu Guggenheim de Bilbao, amanhã não se sabe.

03 abril 2009

Museu Efémero: um "must" em Lisboa

No Bairro Alto, os grafitis foram catalogados, os artistas contactados e a plaquinha castanha faz lembrar as dos museus "reais". Quando as paredes forem pintadas de branco, vai sobreviver.

Tem um mapa, um audio guide, tudo aqui

Takes a lot of intelligent women to forget a stupid one


(inspirada na frase de A.L.Antunes reproduzida pela Marta)

02 abril 2009

Bolsa de Dúvidas & Certezas


A linguagem económica baila sobre as conversas e esse manto da crise cobre-nos irremediavelmente como uma manhã de nevoeiro: não escolhemos, estamos lá, ou recolhemo-nos em casa.

Assim ,para tantos e tantos que destilam certezas nos seus discursos, e para outros tantos que têm mais dúvidas que certezas, eu proponho a Bolsa de Dúvidas & Certezas. Mais uma medida anti-crise, como é lógico.

Você tem certezas firmes e com as quais convive bem? Então está vendedor de títulos de Certezas, enquanto você que está cheio de Dúvidas tem excesso das mesmas e está comprador de Certezas.

Trocamos uns títulos, e eu que por exemplo tenho cada vez menos certezas e cada vez duvido de mais coisas, compro já umas Certezas que me estão a fazer uma falta danada.