Agora de certeza que falo sozinho para o espelho.
velho, e se fico velho de repente? está quase, faltam já poucos anos, poucas rugas, poucos cabelos brancos, pouca pele feita cereal desfeito. Vou ter ataque cardíaco, avc com boca ao lado, sarcoidose, septicemia arranjada num corte de canivete, perna manca, braço ao peito ?
Ou desfaço-me no mar contra uma rocha de coral? tropeço quando faço jogging e engulo o ipod?
isto não previa quando estava a ler banda desenhada na praia do Vau e sentia saudades imensas da mãe, nas férias que não acabavam nunca nos Setembros incontáveis dos anos 70, antes do petromax se acender e os insectos me perseguirem até acabar de comer a sopa de tomate com ovo.
isto não previa quando me deitava triste a olhar para o candeeiro de pilha na mesa de cabeceira azul com vivos floreados brancos.
na minha camisola azul com listas e com o olhar da avó hesitante a consolar incrédula o que deveria ser a alegria das férias. Mas não era.
3 comentários:
esta é a triste condição dos seres pensantes.
e depois, concluímos sempre que nada foi inteiramente bom... e que o tempo nos vai faltando para que ainda possa ser bom.
é uma treta, a vida!
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