12 novembro 2007

V8 (I)


Éramos cinco nesse carro. A lubrificação perfeita do V8 é como uma pre-embriaguez, não fica nada para trás, nada para desejar a não ser continuar a ouvir aquela voz rouca e avançar sempre.

Parece-me agora uma perda de tempo, as horas que alguem leva a chegar a um ponto a 300km de distância. parece-me agora que não me vesti com decência, ou talvez com moderação, enquanto L., de cara absolutamente lívida e de sorriso a roçar o impudor, me despedaçava com um esgar.

Tentei falar com R. ainda antes da curva, muito antes de saber que R. era afinal o que nos levava ali para reunir a hostilidade que o tolhia, na casa de férias, na cama com M, e sei lá onde mais.

M. jogava nessa deslocação a pequena fortuna que conseguira em 2 meses de fornicação desesperada com R., não que a ela repugnassem cavalos ou maseratis, mas era o trejeito do lábio de R, a elevação anormal da testa e acima de tudo o ódio ao Presidente. M. olhou para mim, sentada ao lado de R., tocou-me, e sem desviar o olhar puxou o travão de mão.

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