26 janeiro 2009

Necessaire


As fotos da avó, as camisas dobradas, aquela para ser usada no dia da chegada, os livros prontos para as noites que podem ser de insónia, um de poesia para ler ao pequeno-almoço, outro de viagens para sonhar com aquela que não originou esta mala, outro para adormecer, todos para olhar, e caridosamente poder não ler.

Fazer a mala: encher a mala de futuros, vou usar isto e aquilo com aquilo e mais, no dia em que chegarei.

Mas, e se não chegar?

Alguém me vai desfazer a mala, olhar incrédulo ou indiferente para as coisas, o amuleto, as fitas da mala soltas por superstição, a escova de dentes, os cremes, as coisas necessárias, o necessaire.

Alguém sabe aquilo que ninguém soube, sem importância mais do que a de um ser mais que não abriu a mala.

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