15 abril 2009

A morte brinca e assiste ao nascimento de outras mortes numa reunião infame



No Sobreiro, perto da Ericeira, viveu um oleiro que acolhia passeantes domingueiros, tinha uma réplica de uma aldeia saloia, fazia jóias de cerâmica e vendia-as naquela loja que transbordava a estrada de Mafra à Ericeira.

José Franco morreu hoje.

Em Fevereiro do ano 2000, entrei desvairado no meu Golf e corri para um encontro à porta da loja do Sobreiro, levado pela paixão irracional que se revela em fracções de segundo.

Nesse dia anunciavam-se duas mortes, mas nós não sabemos nada sobre a morte das coisas. A Paixão e a Morte marcaram data para hoje, e escolheram para ilustração uma obscura loja na estrada.

2 comentários:

Marta disse...

gostei muito de ler CA.
MUITO.

JKL disse...

Ainda me lembro do Sobreiro e do José Franco nos dias em que se ia a Mafra em excursão (na altura ainda não se tinham inventado as "visitas de estudo"). Parava-se no Sobreiro e ficávamos imediatamente especados a olhar para os moinhos de vento. Vinham lá dentro as incontáveis figurinhas, presépios perenes de que nunca nos cansávamos.
Mais tarde veio a idade da paragem para o pão com chouriço a caminho da Ericeira e continuávamos a parar no Sobreiro. As figurinhas e as casas pareciam menores porque já éramos maiores, mas havia sempre um bocadinho para as ver.
Agora... seguramente continuaremos a parar no Sobreiro. Não sei se para ver as figurinhas, os moinhos de vento ou para comer o pão com chouriço... ou se calhar só e apenas porque sempre parámos.