No Sobreiro, perto da Ericeira, viveu um oleiro que acolhia passeantes domingueiros, tinha uma réplica de uma aldeia saloia, fazia jóias de cerâmica e vendia-as naquela loja que transbordava a estrada de Mafra à Ericeira.
José Franco morreu hoje.
Em Fevereiro do ano 2000, entrei desvairado no meu Golf e corri para um encontro à porta da loja do Sobreiro, levado pela paixão irracional que se revela em fracções de segundo.
Nesse dia anunciavam-se duas mortes, mas nós não sabemos nada sobre a morte das coisas. A Paixão e a Morte marcaram data para hoje, e escolheram para ilustração uma obscura loja na estrada.
2 comentários:
gostei muito de ler CA.
MUITO.
Ainda me lembro do Sobreiro e do José Franco nos dias em que se ia a Mafra em excursão (na altura ainda não se tinham inventado as "visitas de estudo"). Parava-se no Sobreiro e ficávamos imediatamente especados a olhar para os moinhos de vento. Vinham lá dentro as incontáveis figurinhas, presépios perenes de que nunca nos cansávamos.
Mais tarde veio a idade da paragem para o pão com chouriço a caminho da Ericeira e continuávamos a parar no Sobreiro. As figurinhas e as casas pareciam menores porque já éramos maiores, mas havia sempre um bocadinho para as ver.
Agora... seguramente continuaremos a parar no Sobreiro. Não sei se para ver as figurinhas, os moinhos de vento ou para comer o pão com chouriço... ou se calhar só e apenas porque sempre parámos.
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