Na rua movimentada, imerso na rua movimentada.
Se de repente no meio do movimento fosse preciso falar : falar, abrir a boca e movimentar as mãos como que a esboçar o ante-movimento da fala.
Entre a gente da rua movimentada apenas alguns olhos se deslocariam do curso normal que os olhos seguem quando vão numa rua movimentada.
Se de repente no meio da rua se agitassem mãos e a boca se abrisse para falar, gritaria e não haveria espaços nem olhos que os olhassem, nem se desviariam para olhar fugazmente para nada.
Mas se numa rua movimentada, experiência de não-liberdade e opressão, de repente as mãos introduzissem uma ruptura tal que os olhos que se movimentam se fixassem e os corpos que seguem colados parassem?
As mãos agarradas ao peito e a boca aberta no espanto da dor, as mãos a descerem pelo corpo abatido até que a cabeça bata violentamente contra a pedra da rua. Os olhos aos milhares param então e falam. Acabou a solidão da rua.
Naquele infimo instante entre a queda e a ausência da mente.
Em movimento para outro lado. A mente em movimento para outro lado
1 comentário:
momentos de inspiração pura com este , valem e ficam nas palavras que os eternizam.
Parabens!
Enviar um comentário