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No dia seguinte levantou-se, muito cansado e sujo, e viu a mãe correr para a porta de entrada, onde dois homens de chapéu olhavam para o chão embaraçados. Não foi preciso esperar muito para ver a mãe desfalecer e começar a chegar muita gente, de mãos na cabeça e a falar muito depressa. A falar muito depressa de um carro preto que batera contra o carro azul e desfizera a vida de passeios pelo aeroporto, a vida de discos no pick-up a tocar suaves canções enquanto a roupa que cheirava bem depois do banho se aconchegava ao corpo. O corpo pequeno de CM estremeceu e correu para a casa de banho onde mergulhou as lágrimas na toalha azul, debroada a seda.
Teria agora a vida toda para encontrar maneira de voltar atrás e não empurrar o carro azul contra os imbondeiros com apêndices pretos como ratos. Arrepender-se de desejar uma vingança.Demoraria tanto tempo, tanto tempo que precisaria de voltar atrás e ver um carro azul numa estação de serviço com uma mulher de lenço branco, um homem de camisa branca e uma criança que o olhava pelo vidro traseiro.
De repente teve a certeza que aquela criança era ele, sonhando com os mortos.
6 comentários:
o perfeito dejá vu...
:-)
... espero que isto seja tudo inventado!
se for, acaba bem.
JP e MRF,
Minhas caras amigas, sei que parece inverosímil, mas a maior parte das coisas não são inventadas, os personagens são todos verdadeiros, a história tem apenas um toque de fantástico, naturalmente. E como dá para entender o CM sou mesmo eu.
E mt resumido, para formato blog (seja lá o que isso fôr).
Quem é que falou em inverosímil?
e alguêm desconfiou que o CM era o vizinho? ;-)
a menina R. falou de invenção, o que é natural tratando-se de uma ficção. Também não acho que sejas o João Pinto, dear JP. (º_º)
:o) só me pareço com o gajo nos maleolos, dear Charles
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