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Ao ritmo do voo do flamingo, J. deixou a praia com chapéus de sol, deixou que a côr dos seus cabelos se insinuasse com a areia infiltrada de granito, voltou as costas ao mar.
L. deixou a cidade num carro pequeno que comprara, finalmente o seu carro, em direcção ao vento que empurra para sul no verão. Tinha pena de si própria, do que deixara acontecer , do que não pudera evitar, de como a destruição do equilibrio a partira em pedaços que agora circulavam sem nexo entre vias públicas.
I. abandonou a vida fácil de um apartamento no centro da vila e migrou como ave satisfeita para junto do ninho, colhidos os fragmentos necessários .
G. está agora a atirar seixos despreocupadamente para um ribeiro, perdido entre o Alentejo e o Algarve, muitos km longe do mar, que pensa ser onde J. está, embora por vezes lhe apareça I. na mente que supunha abandonada ao simples gesto de atirar seixos ao acaso. Espera por L, mas não sabe que L. não virá nunca na sua direcção.
Nenhum dos personagens sabe nada sobre o momento exacto em que, ao fazer um gesto, que gesto farão todos os outros.
Jogam um jogo que não sabem, julgando apenas que a sua (in)felicidade é única.