03 novembro 2005

Lua pescada no fundo do Mar (I)

Mesmo que o navio avance mais algumas milhas F. já notou a proximidade dos pontos da carta náutica da misteriosa onda de sonar que enche o radar.

Levantara-se nesse domingo com a boca a saber muito mal, e recordou-se do Dr. JS que o abordara no Bairro Alto na noite anterior, e se apresentara como apoiante de Silva presidenciável, assessor de gravata rosa, de madrugada. JS apresentara-se perante um prato de carapaus de escabeche e copo de favaios, uma agenda preta pequena e de bom gosto com um lápis com o qual apontava sinais estranhos que tanto podiam ser graus de escrita como invenções de bêbado atormentado.

F. escutara divertido a verve do Dr. que passou da gabarolice de apoiante para a de revelador duma missão soberba, reservada a eleitos: descobrir porque razão um astro caíra, ao abrigo da noite, na baía de Cascais.

Como pistas o Dr. JS dissera possuir apenas a da filosofia intuitiva, a boçal figura do amor celestial e outras lúgubres expectativas que alcançava pela redenção da morte pelo amor.

F. leu as coordenadas escritas no guardanapo de papel com nódoas róseas e anotou-as.

3 comentários:

Maria do Rosário Sousa Fardilha disse...

à espera de II
:) hello charles!

TR disse...

...vc adora ficar a ouvir as conversas da mesa ao lado?

Carlos Azevedo disse...

TR,

Gosto de ficar em mesas que não tenha de ouvir nada do que se diz ao lado. E vice-versa.