25 abril 2006

Quer mudar o mundo? Mude o meu.

(miradouro da srª do Monte - Graça)

Quando Z. para e ajeita a saia, momentos antes de entrar no café onde vai a seguir encomendar um croissant simples e uma meia de leite, ainda não sabe que a sua vida mudou há apenas 12 minutos.

Há apenas 25 minutos, N. sentou-se no balcão da FNAC do Chiado e pediu um sumo de pêssego com melão, que entornou sobre a manga da camisa de V.

V. não conhece N., assimilou o seu olhar e reparou nas mãos finas e trémulas que faziam par perfeito com os olhos hesitantes.

N.vai em poucos segundos resumir a sua vida com Z., e depois de sentir o coração a bater com estranhas arritmias, deixar que a sua mão pouse na manga da camisa de V. e com um gesto simples afirmar que a liberdade de hoje já é a liberdade de cada ser para si. Já não só a liberdade de cada ser para os outros.

7 comentários:

Carlos Azevedo disse...

Do you wanna change the world? Change mine. (Dizia Redford para Lena Olin, em "Havana", de Sydney Pollack)

Anónimo disse...

Se pediste com muita força, podes ter sido ouvido .

K. disse...

Não deixo de achar irónico, para o bem e para o mal, esses hiatos em que a nossa vida já mudou, talvez irreversivelmente, e no entanto nós prosseguimos como se toda a normalidade fosse constante. Uma vida ceteris paribus. E depois, de chofre, o hiato termina, e muita coisa com ele.

Carlos Azevedo disse...

Claro que o hiato é sempre uma coisa circular, a um segue-se outro, and so on. Mas é a consciência disso que é terrível (ou não), o saber que não se sabe quando esses momento nos atinge e altera o rumo. Como o vento.

K. disse...

A consciência é que é terrível, é isso mesmo.

Anónimo disse...

25-12=13 . 13 minutos de vida, você é sádico ?

Carlos Azevedo disse...

Não é um filme de horror, é o terror de subitamente, um momento já ter mudado a nossa vida. E ainda não o sabermos durante uma eternidade: 13 minutos podem sê-lo.